Autor: Bianca Briones
Editora: Verus | | Páginas: 402 | | Informações: Skoob
Viviane acaba de perder o pai. Com a mãe em depressão, ela se vê obrigada a assumir o controle da casa com o irmão mais novo. Rafael teve o pai assassinado há alguns anos e agora viu quatro pessoas de sua família, incluindo a única irmã, morrerem em um acidente de carro.
Viviane pertence a uma classe social que ele despreza. Rafael é tudo o que ela sempre ouviu que deveria evitar. Eles são opostos, porém dividem a mesma dor. Jamais se aproximariam se a morte não os colocasse frente a frente, e agora, por mais que saibam que são completamente errados um para o outro, não conseguem evitar uma intensa conexão, que poderá salvá-los ou condená-los para sempre.
As batidas perdidas do coração é uma história sobre perdas e como cada um lida com elas. É o encontro atormentado entre a dor e o amor. Com uma narrativa sexy, envolvente e repleta de música, este livro traz a última tentativa de duas pessoas arruinadas que, juntas, buscam desesperadamente se encontrar.
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Não sei se foi assim com a maioria, mas meu primeiro contato com "as batidas perdidas do coração" foi através do blog Psychobooks, com as altas recomendações da Alba e da Mari. O que mais me instigou para ler o livro foi uma frase que a Alba disse e que nunca saiu da minha cabeça: "A Bianca Briones zerou o gênero new adult". Só com isso minha curiosidade já foi lá nas alturas e eu não via a hora do livro estar pronto e ser lançado pra que eu pudesse conferir se ele era realmente tudo isso. Apesar de não ser um leitor assíduo do gênero new adult, já li alguns bem conhecidos e gostei bastante, mas com o livro da Bianca Briones era diferente porque, além de "zerar" o gênero, era um new adult nacional, produto nosso.
Eis que dias depois da bienal de são paulo e do livro ter sido lançado, finalmente chega em minhas mãos "as batidas perdidas do coração". Já de cara me apaixonei pela capa do livro e por ele em si de tão caprichada que ficou a edição - algo muito bom de se ver, que demonstra que as editoras de nome e prestigio estão cada vez mais dando valor e espaço aos nossos talentosos escritores. Depois do amor à primeira vista pelo livro, mergulhei de cabeça no universo criado pela Bianca Briones e o que foi que aconteceu? Me vi tomado, seduzido, cativo, aprisionado mesmo pela maravilhosa história de Rafael e Viviane. Agora to aqui me perguntando o que dizer sobre um livro que eu A-DO-REI? Tenho certeza absoluta que qualquer coisa que eu disser será muito pouco para descrever o quanto eu amei esse livro e dar a dimensão que ele merece. Mas, como tem que ser feito, vamos lá...
Já de primeira digo que há muito tempo um livro não me pega tão de jeito como 'as batidas perdidas do coração' me pegou. Eu estou (ou estava), ainda não sei, em um período bem preguiçoso pra ler, coisa que pode ser notada pela falta de atualização do blog, principalmente falta de resenhas. Mesmo os escritores que mais gosto não estavam me entusiasmando tanto com suas obras. Eis que então inicio a leitura do livro e quando me deparo, já estou pra lá de envolvido com a história, com os personagens e tudo aquilo que eles vivem. O principal motivo de o livro ter me pegado de jeito com certeza foi a narrativa direta da autora; a Bianca Briones em nem um momento enrola ou enche linguiça na sua história, ela vai sempre direto ao ponto com diálogos excelentes, situações pra lá de verdadeiras e, para minha surpresa, em alguns momentos, umas boas reviravoltas que só faziam dar mais fôlego a história.
- E se eu for um caminho sem volta? - Estremeço. É incrível como ela me alcança por baixo da superfície.
- Eu construo uma via e crio um retorno. - Ela se vira outra vez. Trocamos um olhar intenso. - E a gente descobre como voltar. Juntos.
Como eu já disse não sou um leitor voraz do gênero new adult, mas mesmo tendo lido uns poucos até agora, deu para perceber que, de certa forma, há meio que uma fórmula para se estruturar essas histórias. Basicamente tem que ter o cara bad boy lindo de morrer e pra lá de sexy, que pega todas; a menina meio certinha de boa família que à principio não se interessaria pelo cara, mas acaba morrendo de amor por ele e, claro, algo obscuro que um dos dois tenta esconder. Em suma, a cada novo new adult lançado temos mais uma história cheia de clichês, e com 'as batidas perdidas do coração' não foi diferente - quer dizer, foi diferente, sim - e de uma forma muito positiva. Histórias clichês existem desde que o mundo é mundo, o que pode fazer uma ser diferente é a forma que ela é contada e quem a conta. No caso aqui, a história foi contada de um jeito diferente e quem a contou soube contar maravilhosamente bem.
- Por mais incrivel e maluco que possa parecer o que vou dizer agora, eu tenho sorte, porque neste mundo imenso, em meio a toda essa minha dor, eu te encontrei. Poderia ser muito pior sem você.
Rafael e Viviane, os protagonistas, se conhecem num momento em que ambos estão aos pedaços devido a perdas que sofrem. Rafael, que já havia perdido o pai há uns anos assassinado, agora tem de enfrentar a perda da única irmã em um acidente de carro onde também morrem mais três pessoas da sua família. Viviane teve que ver bem de perto o câncer tomar conta de seu pai, já que foi sua companhia durante todo o tratamento, enquanto sua mãe entrava numa profunda depressão. Então chega o momento em que seu pai não aguenta mais e acaba morrendo. É em meio a esse mar de dor e desolação que os dois se cruzam pela primeira vez, no mesmo hospital. De mundos opostos, ela rica e ele não, com personalidades totalmente diferentes e, à principio, sem a menor possibilidade de envolvimento, a vida (ou a morte?) os une fazendo com que um recolha os pedaços do outro para ao se verem inteiros, descobrirem que foram feitos um para o outro.
Mal posso controlar o que sinto, e é ai que, surpreendentemente, acontece: meu coração perde uma batida. (Viviane)
É inevitável, perco uma batida, duas, três... Perderia todas por ela. (Rafael)
Como eu já disse algumas vezes aqui no blog, em um livro o que mais me importa é a história em si, os personagens vem depois e mesmo assim, dependendo dos personagens nem tem tanta importância assim. Só que com 'as batidas' foi bem diferente. Há muito tempo que eu não me pegava lendo um livro com interesse no que os personagens diriam, fariam, sentiriam; e mais tempo ainda que eu não me pegava torcendo tanto por um casal como torci por Rafael e Viviane. Claro que como protagonistas da história Rafael e Viviane foram os que mais hipnotizaram minha atenção, mas não se enganem, pois todos os outros personagens, mesmo sendo secundários, chamam a atenção e tem sua importância dentro da história. Não sei se é pelo livro ser nacional e a história se passar aqui, mas os personagens são tão vivos, soam meio que conhecidos, como se pudéssemos encontrar algum deles ao virar uma esquina do bairro. E talvez seja isso mesmo, eles são daqui, do nosso cotidiano, do nosso pais.
- Acho que depois dessa vou ter que te beijar.
- É justo. Mas você vai conseguir se controlar?
- Gata, já tô descontrolado desde o banho. - Toco sua nuca, encosto os lábios nos dela e murmuro: - Mas eu dou conta do tranco. Por você, dou conta de qualquer coisa.
As batidas perdidas do coração não tem uma história leve, suave, pelo contrário, a autora foi bem fundo naquilo que quis mostrar principalmente no tema que ela escolheu para abordar. Não espere apenas mais uma história de amor entre jovens, pois o livro foi bem além disso; ele fala sobre perda, superação, culpa, amizade, fraqueza e, claro, amor, muito amor. Esse foi outro ponto forte do livro, a história de amor do Rafa e da Vivi. A história deles foi construída de uma forma tão legal, tão bonita, tão verdadeira, que chegava momentos em que eu queria ter vivido certas coisas que eles estavam vivendo. Mesmo que no inicio parecesse que eles não combinavam, quando chegavam as cenas dos dois juntos era quase impossível não pensar que tinham nascido um para o outro, tamanha foi a química que a autora soube criar para os dois. Rafael e Viviane sem dúvida formam um dos casais literários mais empolgantes e apaixonantes de se acompanhar.
E agora, enquanto ela ressona baixinho, sou o cara mais feliz do mundo. Sexualmente frustrado e com uma puta dor no saco, mas feliz.
O livro inteiro foi maravilhoso de ler, fica até difícil sair pontuando uma coisa ou outra que eu tenha gostado, já que gostei de tudo. Se tem alguma coisa que eu tenha sentido falta, mas que não comprometeu em nada o andamento da história, foi a história ser mais ambientada, tipo nome de ruas, avenidas, bairros, lugares. Mas foi uma detalhe tão ínfimo perto da grandeza e da força da história, que nem conta direito. Outra coisa bem legal do livro é que ele é contado sob o ponto de vista dos protagonistas, um capitulo de Viviane e outro de Rafael, o que só fez dar uma riqueza maior de detalhes e profundidade a história. Cada capitulo é escrito com uma letra diferente para diferenciar Rafael de Viviane, mas mesmo que fossem escritos da mesma forma não teria como se confundir, pois cada um tem sua voz própria, seu jeito de falar, de se expressar; outro ponto forte da narrativa da Bianca Briones. O livro em momento algum tem altos e baixos, ele vai sempre numa crescente e a cada fim de capitulo ficava uma expectativa para o que viria em seguida e foi assim durante toda a leitura.
- Acho que perdi a tal batida. Não, perdi várias. Perdi todas. Não sou mais nada se seu coração não estiver aqui, batendo comigo. - As palavras me escapam e sei que nunca disse nada parecido antes.
- Meu coração vai ficar exatamente aqui. - Ela se vira e beija meus lábios.
Devido ao grande consumo que fazemos de literatura estrangeira é quase impossível em algum momento você não fazer uma comparação com outros livros do gênero, não querendo ver se é melhor ou pior, apenas comparando um pouco a forma como as histórias são contadas. Em alguns momentos 'as batidas' me fez lembrar 'entre o agora e o nunca' da J.A. Redmersky (resenha aqui), principalmente na questão musical da história. Digo isto não querendo dizer que a Bianca Briones tenha copiado alguma coisa do outro livro, nada disso; para mim as histórias tiveram umas poucas semelhanças, mas apenas isso, pois cada uma é cada uma e eu adorei as duas. O que quero dizer é que é bom ver que temos autores tão talentosos quanto os de fora que tanto gostamos. E eu digo sem sombra de dúvida que a Bianca Briones não fica devendo nada as autoras de nome do new adult. Como é o primeiro livro dela que leio não sei se será este o seu gênero literário principal, mas se for, com certeza já temos a nossa Tammara Webber, J.A. Redmersky, Collen Hoover brasileira, o que dá muito orgulho.
É por você que eu acredito num futuro. Foi com você que eu descobri que as tais batidas perdidas do coração existem. (Viviane)
As lágrimas escorrem em seu rosto e ela aperta os lábios, emocionada. A cada passo que ela dá até mim, meu coração transborda de amor.
Já finalizando e antes que eu me esqueça, o livro tem ainda um senhor de um atrativo: música, muita música. Ao longo da história uma seleção de músicas nos é apresentada e no inicio de cada capitulo o trecho de uma serve como pano de fundo pra o que irá acontecer naquele capitulo. E a seleção musical é das melhores - ao menos pra mim. Temos Nickelback, Roxette, Avril Lavigne, Aerosmith e muito mais. Se quiser conferir vai ter que ler o livro, que eu garanto vai gostar muito mais do que a trilha sonora.
Não deu pra aguentar, então segue um pouco da trilha sonora de 'as batidas perdidas do coração'.
Espero que tenham gostado e que eu tenha conseguido expressar um pouco o quanto gostei do livro. Se for ler, se joga de cabeça porque vale muito a pena. Recomendadíssimo!
