Resenha do Baú: Os Catadores de Conchas

Autora: Rosamunde Pilcher
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 630
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A grande saga familiar de Rosamunde Pilcher é um romance de vinculos onde o leitor é convidado a partilhar da alegria, da tristeza e da magia do livro. Ambientando a ação em Londres e na Cornualha, desde a Segunda Guerra Mundial até os dias de hoje, Rosamunde Pilcher narra a história da família Keeling, e das paixões e desilusões que a mantiveram unida durante três gerações. A família gravita em torno de Penélope, e são seu amor, coragem e senso ético que determinam o curso de todas as suas vidas.

Entre os bens que são mais caros a Penélope encontra-se Os catadores de conchas, que seu pai pintou e lhe deixou como lembrança e legado. É esta pintura que simboliza para ela os vínculos entre as gerações – o presente, o passado e o futuro. Mas é justamente o destino desta pintura que poderá vir a desagregar a família... 

Os catadores de conchas foi o primeiro e único livro que li da escritora Rosamunde Pilcher (não li outros por falta de oportunidade). É sua obra mais importante e seu maior best seller dentre todos os outros livros que ela escreveu. Foi meu primeiro "tijolão literário" e confesso que fiquei receoso se iria ler ou não um livro tão extenso, mas eis que ao chegar ao fim da história meu pensamento foi: "Acabou?!". Pois é, ao final de 630 páginas de uma história magnifica, meu desejo era que houvessem mais páginas para que eu pudesse permanecer um pouco mais de tempo na companhia de Penélope Keeling, sua família, seu passado, enfim, sua vida tão cheia de emoções.

Como a sinopse já diz trata-se de uma saga familiar, a saga da família Keeling, encabeçada no tempo presente pela forte e decidida, Penélope Keeling. Aos 64 anos Penélope sofre um infarte e por pouco não morre. Ao sair do hospital ela resolve passar toda a sua vida a limpo, principalmente seu passado, o que significa voltar a sua querida Cornualha e reviver momentos de  grandes alegrias, também de grandes tristezas, mas que deixaram marcas profundas em seu coração. Antes disso porém ela tem que enfrentar um dilema com seus três filhos, Olivia, Noel e Nancy, que após descobrirem que os quadros que o avô, pai de Penélope  deixou de herança para a filha estão valorizados, querem convencer a mãe a vendê-los.

Mesmo com mais este conflito dentro de sua familia, Penélope não se deixa abater nem muda os seus planos e parte rumo a Cornualha e as mais diversas lembranças que aquele lugar guarda. Dai em diante passamos a acompanhar a vida de Penélope através de suas lembranças tão vívidas que são quase palpáveis  Da sua infância junto com seus pais, o pintor Lawrence Stern e sua mãe francesa, Sophie, passando pelo grande amor da sua vida, Richard, a 2ª guerra mundial e seu fracassado casamento com Ambrose Keeling, vemos que a vida de Penélope foi cheia de altos e baixos, com alegrias e tristezas, perdas e ganhos e talvez seja isso que deixe a sensação de que aquela poderia ser a vida de qualquer um, inclusive a minha.

A narrativa de Rosamunde Pilcher é excelente assim como a construção dos personagens no decorrer da história, principalmente, claro, Penélope  A história é muito rica em detalhes, mas em nem um momento se torna cansativa, pelo contrário, a cada página ficamos mais curiosos em saber o que está por vir para cada um dos personagens. O grande fator que permeia toda a história é sem dúvida a emoção e todos os sentimentos que movem o ser humano. Situando os capítulos hora no passado , hora no presente, a narrativa nos deixa a cada momento mais íntimos de Penélope e todos os que a cercam. Junto com cada personagem sentimos nossas emoções se manifestarem das formas mais diversas.

Os catadores de conchas é um livro feito de emoção, de sentimentos, que mostra com clareza que os únicos laços que devemos valorizar são os afetivos, aqueles que são feitos de amor. Não espere durante a leitura por momentos de impacto ou por grandes reviravoltas, pois estes não virão - e garanto não fazem a menor falta! Mas se você procura por uma história para se emocionar e deixar seu coração mais leve, está mais que recomendado 'os catadores de conchas'.